Com 24 mortes, chacina policial na Penha é a segunda maior da história do Rio Comentários desativados em Com 24 mortes, chacina policial na Penha é a segunda maior da história do Rio 648

Em mais uma intervenção letal na gestão de Cláudio Castro, agentes do BOPE, PRF e PF realizam chacina, com mais de 12 horas de tiroteio na região.

Durante as últimas dozes horas, os moradores do Complexo da Penha vivenciaram a segunda maior letalidade em operações policiais na chacina realizada nesta terça-feira pelos agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF). Com 24  mortos e sete pessoas feridas até o momento, a ação é mais uma orquestrada na gestão de Cláudio Castro em um ano. Em intervenção dos agentes da Polícia Civil em 2021 no Jacarezinho, 28 pessoas foram mortas. 

De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, que mapeia as regiões onde há registros de tiroteios no Rio de Janeiro desde 2016, os relatos de tiroteio iniciaram às 6h da manhã no Complexo da Penha. Entretanto, uma moradora do Alemão, localidade próxima,  compartilhou, às 3h da madrugada, uma foto denunciando o intenso tiroteio nas proximidades. Segundo ela, a situação e iminência do risco era tão extrema que precisou se esconder em um lugar seguro dentro de casa.  

Para o artista plástico Mário Jorge, de 37 anos e que é cria do Complexo da Penha, as melhores experiências e episódios da sua vida passam pelas ruas e locais da região da Chatuba. Por lá, ele adquiriu toda a bagagem e potência artísticas que desenvolve em seus trabalhos de grafite em 3D. Recentemente, Mario Bands (como é mais conhecido) pintou um muro em homenagem à história do campo do Seu Zé, na Fazendinha, localidade do Complexo do Alemão. “No dia de hoje, ver os dois territórios que cresceu sendo alvos de mais operações letais traz um aperto em seu peito. Foi um massacre que não podemos normalizar. As favelas são vidas, potência e muita felicidade, não essa violência que querem nos passar”, desabafa.  

Dentro das consequências dessa realidade violenta gerada pelo estado do Rio de Janeiro, onde no último ano a política de segurança pública do estado foi responsável pelas duas maiores chacinas no município – além das 1107 operações policiais realizadas nesse período, com 290 feridos e 127 pessoas mortas, de acordo com dados da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR) – os principais impactos são sentidos pela população que resiste em meio a um genocídio da população da favela.  

Nesta terça-feira (24), por exemplo, 32 escolas na região do Complexo da Penha e do Alemão, que são relativamente próximas e passaram por um momento de registros de tiroteios, de acordo com a plataforma Fogo Cruzado, tiveram as atividades restringidas devido às ocorrências no local, segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME). 

Em forma de manifestação, moradores e moto-táxis realizaram um protesto na região conhecida como Matinha, na Penha, pois, conforme as informações, todas as atividades relacionadas ao comércio na favela foram pausadas, gerando grandes danos no bolso da população. De forma anônima, uma pessoa revelou que os agentes circulavam pela região gritando que “todo mundo vai morrer”. Além destas implicações no cotidiano da região, os postos de saúde e clínicas situadas na Penha também foram fechadas.

Com o objetivo em repudiar e brecar essa estratégia de genocídio nas favelas do Rio de Janeiro, 20 organizações e instituições compartilharam uma nota pública de defesa aos Direitos Humanos e a integridade à vida. Entre elas, a Anistia Internacional Brasil, Instituto Marielle Franco, Casa Fluminense, Instituto Raça e Igualdade, Observatório de Favelas e outras. 

Foto: Reprodução/Internet

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