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Embora sem provas de fraude, o presidente, seus familiares e apoiadores seguem contestando o sistema de voto eletrônico. O Favela em Pauta traz um panorama sobre o Brasil do voto impresso.

Dentro de uma imensidão de declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que geraram preocupação em 2020, uma em especial gerou mais alertas: “se não tiver voto impresso, pode esquecer eleição (2022)”. E em janeiro de 2021 também, quando apoiadores de Donald Trump (Partido Republicano) invadiram o Congresso Nacional Estadunidense alegando fraude no resultado da vitória para Joe Biden (Partido Democrata). Bolsonaro comentou que o mesmo aconteceria no Brasil, caso continuasse com votação eletrônica. Neste mês completa-se um ano desde que o presidente prometeu que apresentaria provas de que teria sido eleito no primeiro turno em 2018.

O capitão reformado sempre evidenciou seu descontentamento com o sistema eleitoral brasileiro. No entanto, as urnas eletrônicas já o elegeram seis vezes, bem como também elegeram seus filhos, e nunca houve fraude comprovada nesses 25 anos em que o sistema está vigente no Brasil. Recentemente, não só o presidente Jair como o senador Flávio Bolsonaro parabenizaram o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) pela eleição à presidência do Senado ressaltando que o resultado foi obtido via voto impresso.

Nesse cenário, entramos em contato com a historiadora Janira Sodré, professora no Instituto Federal de Goiás (IFGO) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UNB). Buscamos entender um pouco do contexto brasileiro quando as decisões de representação institucional se davam por meio de cédulas de papel. Confira!

Urnas “grávidas” (que eram preenchidas previamente), voto de cabresto, desvios e trocas de urnas e anulação arbitrária de votos eram algumas das práticas que envolviam o sistema de votação por cédulas de papel. A historiadora conta que até 1996, tempo em que o voto impresso ficou vigente, os processos políticos brasileiros eram decididos através de urnas frágeis e facilmente corrompidas. Até hoje não foram apresentadas provas de fraude nas urnas eletrônicas e, segundo o Datafolha, 73% dos brasileiros aprovam essa atualização do sistema de voto.

É importante entender o caminho percorrido até as urnas eletrônicas serem estabelecidas para mediar as decisões eleitorais do país. Embora sem provas, a principal representação política do país frequentemente ataca esse sistema de votação numa aparente tentativa de distorcer e/ou reescrever a realidade de segurança e rapidez que esse equipamento traz aos processos eleitorais brasileiros.

*Foto destacada: unsplash

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