Entre os becos e vielas do Aglomerado da Serra, mais conhecido como Serrão, a maior favela de Minas Gerais, os moradores têm recebido suporte durante as ações de enfrentamento à covid-19. A pandemia, que já deixou mais de 25 mil casos confirmados e 670 mortes em Belo Horizonte – cidade em que a comunidade está localizada – tem afetado o dia a dia de quem vive no território. Voluntários e funcionários da Frente Humanitária, organizada pela Associação de Moradores do Cafezal e pelo projeto cultural Lá da Favelinha, têm feito com que a letra da música ‘Procuro Alguém’, do Djonga, se torne uma missão ainda mais real.

“Arroz, feijão e carinho é o prato do povo” é o resumo de como tem sido as ações para amenizar os impactos da pandemia que causou mais de 100 mil mortes no Brasil e deixou mais de 3 milhões de pessoas infectadas. O país contabilizou esse dado no último sábado, segundo o levantamento feito pelo Ministério da Saúde. Entre a quantidade de casos, também está o avanço da fome e do desemprego. Atualmente são 12,8 milhões de pessoas sem um trabalho de carteira assinada no país, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, o número tem crescido durante a pandemia.

É com o trabalho de entregar 2 mil marmitas todos os dias no Aglomerado da Serra que a Cristiane Pereira, mais conhecida como Kika, tem se dedicado para evitar que a favela da qual ela é cria entre para as estatísticas da miséria no Brasil. Ela é diretora da Frente Humanitária e presidente da Associação de Moradores. Para ela, o problema apenas se intensificou com a chegada do coronavírus, mas durante três meses de trabalho ela percebeu que as favelas e periferias sempre mostram como o “nós por nós” se faz ainda mais presente.

Após doar cerca de 18 mil cestas básicas e 162 mil marmitas durante esse período, Kika conta que os trabalhos vão continuar através dos projetos sociais que ela desenvolvia antes da crise sanitária. “Queremos procurar mais parceiros para continuar com os trabalhos e com os projetos que já existem aqui. O impacto da pandemia vai ser grande, principalmente quando acabar”.

Chama no zap!

Em julho o Favela em Pauta desenvolveu em parceria com o Consulado Americano e USBEA (Ex-intercambistas Brasil-Estados Unidos) um projeto que conecta o Morro das Pedras, favela da Região Oeste de Belo Horizonte, com o bairro periférico da Cabanagem, em Belém, no Pará. Dois líderes comunitários, Jhutay Nogueira e Wellington Frazão, trocam uma papo e passam orientações sobre os cuidados com as comunidades durante a pandemia.

O vídeo, que simula uma conversa em um grupo de Whatsapp, nomeado de ‘Pega a visão’, contém quase sete minutos de informações para atualizar os moradores sobre como está a situação da covid-19 em seus territórios. É na mistura de dois sotaques do sudeste e do norte que mais um vez líderes comunitários mostram que as ações de enfrentamento, que sempre existiram, se fortaleceram neste período, com ou sem a ajuda do poder pública.

Assim como os integrantes da Frente Humanitária, Wellington e Jhutay se dedicam para colocar comida na mesa, dar suporte com kits de higiene e limpeza, apoio psicológico e jurídico durante este período. Assista ao vídeo:

Bastidores do FP

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