Finalizando a sequência de encontros com os prefeitáveis, a candidata Martha Rocha (PDT) apresentou suas propostas e afirmou ser a favor do desarmamento.

Organizado pela Casa Fluminense e a ONG Ciudadanía Inteligente, junto a mais outras vinte organizações sociais, o evento entrevistou quatro prefeitáveis da cidade do Rio de Janeiro: Benedita da Silva (PT), Renata Souza (Psol), Eduardo Paes (DEM) e Martha Rocha (PDT). O Favela em Pauta realizou a cobertura através do Twitter.

Cada conversa com os candidatos foram transmitidas ao vivo pelo perfil do Facebook e Youtube da Casa Fluminense e, todas as entrevistas foram gravadas e compartilhadas no perfil da Casa. Nesta terça-feira, 27, o último dia do evento contou com a presença da candidata Martha Rocha (PDT). Confira alguns questionamentos que foram respondidos pela candidata:

#Gironaseleições: Caso eleita, quais serão as suas política públicas  e investimentos,  a partir do orçamento da cidade, nesses territórios [favelas], para diminuir um pouco as desigualdades estruturais que temos no Rio de Janeiro e que tanto afetam a vida da população? (Edson Diniz, representante do Redes da Maré)

Resposta: O rio de dinheiro que caminhou nesta cidade na ex-gestão municipal não trabalhou pra fazer dessa cidade uma referência da saúde, uma referência da educação. Portanto, caberá a nós agirmos no sentido de rompermos essa desigualdade e (…) está previsto termos um olhar territorial para superar as desigualdades com obras de infraestrutura, obras de saneamento, a questão da habitação e do fortalecimento da educação. Para nós educação é um compromisso de vida. Agora, é preciso que todo mundo que está nos acompanhando tenha a clareza de uma coisa: qualquer pessoa que sentar naquela cadeira em 2021, seja o ex (Eduardo Paes), o atual (Marcelo Crivella), ou a prefeita (Martha Rocha, Renata Souza e Benedita da Silva), terá que tomar duras medidas para que a gente possa investir naquilo que vale a pena.

A desigualdade territorial existente no Rio de Janeiro foi pauta durante o #Gironasleições | Imagem: Reprodução Instagram @favelaempauta

#Gironaseleições: Sendo o município um ator importante para a promoção da igualdade racial, como a senhora, como futura prefeita da cidade do Rio de Janeiro, pode priorizar a adoção dos marcos estabelecidos pelo Estatuto da Igualdade Racial e transversalização racial nos instrumentos de planejamento como plano diretor? (Antônio Francisco, pai da ex-vereadora Marielle Franco, representando o Instituto Marielle Franco)

R.: Acho que vale uma referência que o Brasil tem uma lei que determina que as escolas públicas e as escolas privadas ensinem a história da África e da cultura afrodescendente. Primeiro, essa lei foi facultativa e há quase 10 anos que essa lei é obrigatória e não há, nesse município – que é o segundo maior município brasileiro – nenhum movimento para tornar isso obrigatório. Por isso, nós já inserimos isso em nosso plano de governo.*

E falta falar da cultura, porque os equipamentos culturais estão inseridos nas áreas onde nem sempre tem uma produção cultural como a gente vê hoje na periferia. Porque um jovem da periferia com celular de pouco impacto, de pouca facilidade de dados, produz essa riqueza de cultura  e de arte. Então, essa política de enfrentamento ao racismo tem que passar por todas as áreas da prefeitura. 

*O Favela em Pauta verificou que a Lei n° 10.639 obriga a rede de ensino trabalhar a temática “História e Cultura afro-Brasileira”, no entanto, não há fiscalização sobre a implementação da lei.

Representando o Instituto Marielle Franco, Antônio Franco, pai da ex-vereadora Marielle Franco, questionou a candidata sobre seu planejamento para lidar com as pautas raciais na cidade | Imagem: Mayara Donaria

#Gironaseleições: Como que a senhora pretende equalizar essa situação da saúde no Rio de Janeiro? E, principalmente, se já existe algum tipo de cronograma para que a gente consiga sentir algum tipo de mudança, caso a senhora venha a ser eleita. (Ingrid Siss – Casa Dona Amélia)

R.: Está em primeiro lugar no nosso radar fazer esse impacto na gestão, sobretudo na gestão da saúde. É preciso olhar para a saúde como um todo, pensando no fortalecimento da atenção básica, na recomposição das equipes da Clínica da Família e na questão da Saúde Mental. 

Quando você chega em qualquer lugar desta cidade, você tem que ter um prontuário eletrônico que permita com que o médico que vai te atender tenha o histórico da sua saúde. Nós temos que trabalhar também a questão do sistema de regulação ter transparência e se retire os casos de maior gravidade. Então, a gente vai migrar para todos os contratos: vai ver se houve, de alguma maneira, cobrança indevida, vai trabalhar contra o desperdício e vai fazer uma central única de compras para que a gente possa ganhar no volume e possa ter uma diminuição do preço. E, sem dúvida nenhuma, ainda no primeiro mês, vamos fazer um grande plano emergencial das finanças para diminuir o desperdício, cobrar dos grandes devedores e para rever os incentivos fiscais. Porque o incentivo só vale a pena se ele gera posto de trabalho para comunidade, e vai sobretudo né, pra poder investir nas ações importantes.

A candidata Martha Rocha especificou seus principais planejamentos para a cidade do Rio de Janeiro, como o incentivo à cultura e educação | Imagem: Mayara Donaria

#Gironaseleições:  A pandemia afetou de maneira profunda a sociedade e, particularmente, a cultura. Seria possível garantir uma plataforma mais sustentável, ágil, intuitiva em que os diferentes órgãos responsáveis por liberarem a execução de atividades culturais na rua estejam interligados? A senhora pretende enviar à Câmara Municipal algum projeto de lei que fomente a cultura e as artes? (Luiz Fernando Pinto, representando a Associação Peneira)

R.: Nos últimos anos, a cultura no Rio de Janeiro  viveu momentos muito difíceis e momentos muitos obscuros. E não tenho a menor dúvida que a cultura é a chave indispensável da retomada econômica da nossa cidade. Há uma cadeia produtiva na cultura, mas não há uma estruturação da prefeitura no sentido da valorização da cultura. O carnaval, que é a festa popular mais importante da nossa cidade, é uma atividade cultural tocada única e exclusivamente pelo setor de turismo. 

A gente tem o jovem da periferia antenado em todos os movimentos, dentro da sua medida, da tecnologia, por que a cidade do Rio de Janeiro não pode ser uma cidade que abra portas para os jovens, por exemplo, na produção audiovisual? Na produção de games? E,  quando a prefeitura estruturar essas ações, ter a retomada desses jovens para a escola. Esse é o papel da prefeitura e a cultura pode ser essa grande ferramenta de interlocução. 

Além das perguntas via internet, representantes de organizações sociais questionaram a candidata Martha Rocha sobre suas ações caso seja eleita | Imagem: Mayara Donaria

#Gironaseleições:  Diante do quadro de crise econômica provocado pela pandemia, para a senhora, como retomar a geração de emprego, trabalho e renda no Rio de Janeiro? Além disso,  fazendo recorte geracional e racial, quais propostas e medidas são viáveis para  impulsionar a juventude preta e periférica a ocupar os empregos formais? (Joyce Trindade, representante do projeto Manivela)

R.: A prefeitura tem que ser uma incubadora de oportunidades. Então, tem que estar no radar da prefeitura: fortalecimento de cooperativas, ações de fomento para o empreendedorismo e a possibilidade de geração de empregos formais. Para quem acha que a segurança pública será o grande problema que vai nos afligir, tá enganado. O grande problema do século XXI (vinte e um) será a questão do trabalho. 

E essa cidade precisa ter um plano de desenvolvimento. Nesse plano, a gente pode, sim, construir um complexo industrial da saúde. Essa cidade tem universidades públicas e privadas, centros de excelência de pesquisa, inovação e tecnologia…então, a gente pode aproveitar essas especializações para produzir o complexo industrial da saúde onde a prefeitura entra com fomento, com a redução de impostos e a obrigatoriedade da geração de impostos.  

Trazer esses projetos para a cidade do Rio de Janeiro e, se não houver preparação da população para atuar naquele projeto, naquele novo segmento de trabalho, cabe à prefeitura qualificar os profissionais para que possam ter atuação.

*Foto destacada por: Mayara Donaria

Autoras: repórteres do Favela em Pauta Dandara Franco e Ludmila Almeida.

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