Além disso, movimento pede vacinas para indígenas que vivem na zona urbana de Manaus

Cerca de 32 indígenas que moram no bairro Parque das Tribos, em Manaus, estão infectados pela Covid-19, de acordo com as lideranças do local. Com dificuldades para ter acesso ao sistema de saúde público, os moradores do bairro estão promovendo uma campanha de arrecadação de fundos para a compra de alimentos, remédios, produtos de higiene e insumos hospitalares que irão ajudar no tratamento e no combate aos impactos do vírus no bairro. A iniciativa ocorre após o colapso nas unidades públicas e privadas de saúde e falta de oxigênio no estado

De acordo com lideranças do Parque das Tribos, cerca de 500 famílias e 35 etnias vivem no bairro sem água potável, acesso a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou hospital próximo, além de enfrentarem o não reconhecimento da sua identidade pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).

Desde o início da pandemia em 2020, os casos suspeitos e confirmados de coronavírus no bairro são atendidos e monitorados por Vanda Witoto, técnica de enfermagem e moradora do Parque. Vanda foi uma das entrevistadas da reportagem “A luta contra o coronavírus nas aldeias da região Norte” do projeto Brasis, realizado pelo Favela em Pauta em parceria com o Instituto Marielle Franco e o Twitter Brasil. 

“Há mais de três meses nós não tínhamos um sintoma na comunidade, mas no início de janeiro nós tivemos novos casos de Covid-19 aqui, temos três parentes com dificuldade respiratória e precisamos que eles sejam atendidos com maior qualidade. Eu tô exatamente cansada pois estamos correndo e graças às doações nós conseguimos comprar algumas medicações. Eu peço que vocês não desistam de ajudar”, disse Vanda durante uma live feita em seu perfil no Instagram.

Para contribuir com a campanha, entre em contato com o telefone:  (92) 99308-9547. 

Movimento pede vacinas para indígenas das cidades

Vanda Witoto foi a primeira pessoa a receber a vacina contra a Covid-19 no estado do Amazonas. Vanda atua na linha de frente da pandemia do coronavírus como técnica de enfermagem e faz parte do grupo de prioridades na vacinação. Porém, o plano nacional de imunização da Covid-19 exclui cerca de 380 mil indígenas brasileiros que não vivem dentro de aldeias de territórios demarcados, segundo o Coletivo Indígenas do Amazonas em reportagem publicada pela agência Amazônia Real

No dia 18 de Janeiro, o Coletivo enviou um documento com mais de 2 mil assinaturas ao Ministério Público Federal para garantir a vacinação para todos os povos indígenas do Amazonas e para o povo venezuelano Warao, residentes no estado.

“Todas as vezes que o ministro da saúde [general Eduardo Pazuello] fala em ‘indígenas aldeados’ como prioritários, ele esquece que somos indígenas em qualquer lugar. Eu nasci em uma aldeia do Alto Rio Negro. Por morarmos em cidades e termos uma imunidade mais delicada do que os não indígenas, temos mais facilidade de sermos infectados, até mais do que nossos parentes que estão nas comunidades distantes, mais isoladas. Tem que ser revista essa política de separar indígenas aldeados de não aldeados”, disse Lúcia Alberta, indígena do povo Baré   que assina o documento, à Amazônia Real.

Leia o documento aqui

Imagem em destaque: Jullie Pereira

Bastidores do FP

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