
Nós, mulheres brasileiras, queremos ver os nossos problemas pautados nas eleições: mais creches, horário estendido nos postos de saúde, salário digno e menos desemprego. Ao mesmo tempo, estamos tão sobrecarregadas com as múltiplas jornadas às quais estamos submetidas – trabalho, cuidados com crianças e idosos, estudos, tarefas domésticas – que mal temos tempo de nos informar sobre o que acontece na política. Sabemos que queremos votar em mais mulheres, mas nem sempre conseguimos explicar que diferença isso faria. É o que apontou a pesquisa que fizemos no Centro Feminista de Estudos e Assessoria – CFEMEA, realizada em abril, com mulheres de todo o país.
realizada em abril, com mulheres de todo o país. Para dialogar com as questões que as mulheres ouvidas colocaram, o CFEMEA lançou na semana passada uma campanha de defesa da democracia. Com o mote “Meu voto vale muito!”, a campanha vai trazer para as redes a personagem Esperança Garra da Silva, uma mulher que na verdade são várias mulheres. Cada vez que se apresenta, Esperança vocaliza novas demandas por direitos, falando do voto para além do processo eleitoral. Uma mulher multidão.
Esperança tenta trazer leveza para um assunto sério: a necessidade de conectar o voto às necessidades políticas que elas apontam. Afinal, nós mulheres podemos decidir as eleições. Este ano, seremos 53% do eleitorado. 8,5 milhões a mais que os homens e, no caso das eleições presidenciais, tendendo a votar contra o atual presidente. Contra ele, pesam a forma como conduziu o governo no enfrentamento à Pandemia do Coronavírus e a forma agressiva como ele trata mulheres jornalistas.
Ainda que na campanha presidencial ele utilize a imagem da primeira dama e de outras apoiadoras, dificilmente iremos esquecer do contexto de crise, desemprego e falta de perspectivas de futuro que estamos enfrentando. E é para trazer alguma perspectiva de uma vida mais digna que Esperança surge alegre, em cards coloridos e vídeos curtos.
Espaços de poder mais diversos devem colocar como prioridade as demandas mais concretas para as nossas vidas. Mais do que eleger mulheres, queremos valorizar nosso voto, escolhendo candidaturas comprometidas com o futuro do país. Meu voto vale muito, seu voto vale muito, nosso vale muito. Vale a esperança de um Brasil melhor.
Conheça e espalhe a Esperança nos perfis do CFEMEA, da Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh) e das 17 organizações feministas da sociedade civil que articulam essa campanha com a gente. São elas a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), Criola, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Instituto de Mulheres da Amazônia (IMA), o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), o Instituto Alziras, Instituto Patrícia Galvão, a Assembleia de Mulheres Guarani Kaiowá (Kuñangue Aty Guasú), a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), o Mapa do Acolhimento – Nossas, as iniciativas Me Representa e Meu voto será feminista, a plataforma pela Reforma do Sistema Politico, a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA) e o SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia.
Imagem destacada: Acervo CFEMEA | Texto: Priscilla Brito | Edição: Eduarda Nunes