
Desde o dia 03 de novembro, treze municípios da região do Amapá estão com dificuldades em ter acesso à energia.
O Estado do Amapá vem enfrentando um momento crítico com a falta de fornecimento de energia elétrica desde o início do mês, quando um incêndio afetou uma das subestações de energia elétrica em Macapá.
Há suspeitas de que uma forte tempestade de raios tenha sido a causa do incêndio na concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), ainda assim, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), anunciou hoje, 10, que fará uma investigação para apurar as causas do incêndio.
Moradores relatam aumento de preços em produtos básicos, como água, além do polêmico racionamento de energia: uma forma de “rodízio” que dá acesso à luz através de religamentos. Cada região tem um turno de seis horas.
Mas, na prática, o sistema elaborado pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) não tem funcionado tão bem quanto o esperado. Morador do Macapá, Gilberto explica que em seu bairro estava marcado ter energia de 6h até 12h, no entanto, às 9h, já estava sem luz.
“Esse rodízio não é isonômico (igualitário), pois milhares de pessoas têm que ficar sem energia durante a noite. Existem alguns poucos lugares, que por ficarem perto do hospital e da estação de tratamento de água, estão com mais tempo de energia. Mas tem localidades que viram uma luz ligada, como o Distrito de Bailique”, explica.
Ausência de energia elétrica em tempos de pandemia
Com atenção aos cuidados com a àrea da saúde, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus, o Dr. Emerson Rodrigues Macedo, clínico geral e pós graduando em ginecologia e obstetrícia, afirma que mesmo utilizando a energia solar, o local foi impactado pelo apagão. Especialista em saúde indígena, Emerson atua em Waiãpi, próximo ao município de Pedra Branca do Amapari.
“Estamos recepcionando diariamente vários indígenas e pacientes que estavam sem o mínimo de suporte para água e eletricidade na capital. Estou tentando me articular junto ao município com suportes medicamentosos para assegurar o máximo de pacientes que eu puder,” comenta.
Moradores se organizam para manifestações contra descaso político
Enquanto o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirma que a “vida está ‘voltando ao normal’ após o apagão, a Tropa de Choque da Polícia Militar vem entrando em combate com os moradores da região que, indignados com o cenário apocalíptico que estão vivenciando, mobilizaram manifestações pacíficas por todos os municípios atingidos pela falta de energia.
Ao que tudo indica, a repressão militar aos moradores que clamam pelos seus direitos, é a única medida direta em contato com a população que os governantes locais tiveram sucesso.
“Um menino de 13 anos foi atingido por bala de borracha nos olhos e acabou ficando cego. Estamos tentando buscar justiça por ele. Esse tipo de presença da polícia prejudica. Porque a gente tem todo o direito de protestar e se manifestar de forma pacífica acabam interferindo de forma agressiva. A gente quer se manifestar, a gente quer ter voz”, afirma Izabelly Flexa Palmerim, estudante de arquitetura e urbanismo e moradora do bairro Novo Buritizal.

O Favela em Pauta entrou em contato com o Governo do Amapá, mas não obteve respostas até o momento da publicação desta matéria. Para mais informações sobre o apagão no Amapá, confira os materiais produzidos em nossas redes, como o Twitter e o Instagram.
*Imagem destacada: Izabelly Flexa Palmerim/Divulgação.
*O texto é de autoria dos repórteres Dandara Franco e Ariel Freitas
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