Ação ocorre um dia após Coalizão Negra protocolar primeiro pedido de impeachment contra presidente da república.

Na última quarta-feira (12) foi protocolado o 56º pedido de Impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O pedido surgiu através da Coalizão Negra e tem como objetivo denunciar o descumprimento de leis federais de medidas para proteger a vida e a ausência de políticas públicas que combatam o racismo no país. Como resposta o governo federal através do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, resolveu retaliar os representantes dos movimentos negros que foram destituídos do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial conforme a publicação no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (13).

 

Ao redor do mundo se discute agora alternativas para combater o racismo, revisão e remoção de homenagens a figuras escravagistas do passado. O governo de Bolsonaro coexiste e exclui organizações que promovem a luta antirracista de um conselho que necessita da presença da sociedade civil, justamente para trabalhar na promoção da igualdade racial.

O Favela em Pauta conversou com a Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), Ieda Leal, que contou sobre o quão marcante é para o movimento negro protocolar um pedido de impeachment de forma consciente que marca a urgência do debate e combate do racismo no Brasil.

“Ao protocolar essa peça de pedido de impedimento do presidente, o movimento se fortalece porque nós estamos denunciando esse governo que se prepara a todo tempo de forma organizada com o objetivo de tirar a vida do povo negro nesse país. É uma situação histórica toda essa reunião de forças para elaboração de um pedido que diz com todas as letras o quanto esse governo está ferindo a legislação quando não se consegue perceber a grandiosidade e a diversidade do povo brasileiro, e não consegue dar respostas para manter a vida das pessoas”.

É importante saber quem são as organizações excluídas que têm por característica a centralidade da luta antirracista em suas atividades. Veja abaixo nesta apuração feita pelo Favela em Pauta:

Educafro:

Pré-vestibular da Educafro (arquivo pessoal).

Organização que luta pela inclusão de negros nas universidades públicas, prioritariamente, e em universidades particulares através de bolsas de estudos. A idéia é provocar empoderamento e mobilidade social para população pobre e afro-brasileira.

A organização também trabalha estrategicamente para que o Estado proponha e cumpra políticas públicas, realize ações afirmativas na educação, voltadas para negros e pobres. A Educafro visa promover diversidade étnica no mercado de trabalho, defesa dos direitos humanos, combate ao racismo e a todas as formas de discriminação.

União de Negros pela Igualdade (Unegro):

A UNEGRO completou 32 anos em 2020 (reprodução).

A União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) é uma entidade nacional de articulação política que envolve diversos partidos políticos. Foi fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, na Bahia. A UNEGRO tem mais de 30 anos de atuação na luta contra o racismo, sexismo, homofobia, a intolerância, além do racismo religioso e todas as formas de manifestação do racismo.

Movimento Negro Unificado (MNU)

Leda do Movimento Negro Unificado (arquivo pessoal).

De acordo com o próprio estatuto, o MNU é uma entidade nacional de caráter político, democrática e autônoma, atua com atendimento social sem distinção de raça, ou qualquer tratamento que desrespeite a diversidade entre as pessoas.

O MNU visa combater o racismo, o preconceito de cor e as práticas de discriminação racial, em todas as suas manifestações. A organização tem o compromisso de construir uma sociedade da qual sejam eliminadas todas as formas de exploração.

Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs)

Os Agentes de Pastoral Negros (APNs) constituem uma entidade nacional, com 37 anos de atuação no combate ao racismo e à discriminação nas igrejas e em toda sociedade. São pessoas de diferentes comunidades de fé refletindo e agindo sobre suas realidades. Empenhados no desenvolvimento de ações para a promoção e a valorização da população negra.

Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB)

Evento em homenagem ao professor Eduardo de Oliveira CNAB (reprodução).

O Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) é uma entidade não governamental, que atua há 25 anos por uma comunidade negra consciente e participativa. Tem representações em várias partes do país, atuando também na defesa dos direitos humanos do cidadão e na formação profissional de afro-descendentes.

Coletivo Nacional de Juventude Negra (Enegrecer)

ENEGRECER – debate sobre Cotas na UERN em fev. de 2020 (reprodução).

O Coletivo Nacional de Juventude Enegrecer é parte do movimento negro brasileiro, articulado nacionalmente, e se apresenta como espaço autônomo de articulação e formação política, anti-capitalista, anti-racista, anti-patriarcal, não lesbofóbico e não homofóbico. O coletivo visa organizar jovens negros e negras para a busca da efetiva cidadania da juventude negra brasileira.

Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq)

CONAQ – protesto em defesa da Constituição em Brasília, em 2013 (Laycer Tomaz – Agência Câmara).

A Comissão Nacional foi criada em 1995 com o objetivo de mobilizar as comunidades quilombolas nos vários Estados da Federação. Essa mobilização visa promover o reconhecimento de direitos e a formulação de políticas que possibilitem a garantia dos direitos das comunidades quilombolas.

*Texto: Lia Soares e Renato Silva / Edição: Gabi Coelho / Imagem destacada: Matheus Alves|Alma Preta Jornalismo

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