Reflexão sobre a inserção da população LGBTQIAP+ nas culturas periféricas é tema do terceiro episódio do “Que Papo é Esse?” Comentários desativados em Reflexão sobre a inserção da população LGBTQIAP+ nas culturas periféricas é tema do terceiro episódio do “Que Papo é Esse?” 692

A produção traz para a reflexão a abertura que as cenas culturais, mesmo que diversas, dão ao público LGBTQIAP+ na periferia.

Falar em falta de acesso à cultura na periferia é, no mínimo, intrigante. Como afirmar que nesses locais onde existe uma cultura pulsante, independente e, de certo modo, autossustentável falta cultura? No nordeste, por exemplo, o pagodão baiano, o reggae, o brega e o bregafunk marcam as vidas periféricas e demarcam identidades. 

No entanto, embora sejam negligenciadas e marginalizadas, nessas cenas também são reproduzidas opressões de raça, gênero, sexualidade, deficiência física, dentre outras. Para contar um pouco dessa realidade, o Afronte Coletivo somou-se ao Favela em Pauta no terceiro episódio do “Que Papo é Esse?” e trazer um outro desafio que se apresenta no acesso à cultura no seio da periferia.

Com foco em contar um pouco da história de personalidades LGBTQIAP+ no cenário do Bregafunk do Recife, Danilo dirigiu o documentário BregaQueens. A partir de Clara do Passinho, Porra Corpo e o grupo Seja Bicha, Danilo registrou um pouco sobre como a população LGBTQIAP+ se articula para ser e se manter relevante dentro do Bregafunk. 

Em entrevista cedida ao Afronte Coletivo, o cineasta conta um pouco sobre o que observa a respeito desse tema. 

Homem gay e morador de periferia que gosta de brega e acompanha a cena desde sempre, Danilo compartilha sobre como o gay e a travesti, principalmente, são essenciais na estrutura do Bregafunk, mas sempre estão em uma posição mais vulnerável sobre suas relevância. 

Enquanto os homens heterossexuais mantêm sua posição de destaque com mais tranquilidade em relação aos outros integrantes da cena. Às mulheres cisgêneras fica a posição de dançarina, independente da orientação sexual. Em se tratando de Clara do Passinho, por exemplo, levou um tempo até que o fato dela ser lésbica se tornasse um assunto comentado e um pouco mais naturalizado. 

Além do off, no online os desafios se mantêm, pois as plataformas e seus algoritmos seguem modulando a relevância de todos os atores. Desse modo, ataques transfóbicos, como os que aconteceram com a Porra Corpo – uma menina travesti que já ganhou as redes dançando músicas de Bregafunk – minam o engajamento, a relevância e a possibilidade de rentabilidade a partir da dança e da imagem das pessoas LGBTQIAP+.

O documentário BregaQueens foi realizado a partir do incentivo da Lei Aldir Blanc e produzido por uma equipe formada por pessoas LGBTQIAP+ e periferia. Foi a primeira vez que Danilo teve recurso financeiro para produzir um material audiovisual e o tema surge de uma observação de sua própria vivência de periferia.

Para entender um pouco mais sobre o assunto, escute o terceiro episódio do podcast “Que Papo é Esse?”, e vale também assistir ao documentário BregaQueens. Acesse na íntegra, compartilhe e continue refletindo com a gente em nossas redes sociais.

Na próxima semana teremos o encerramento da primeira temporada do “Que Papo é Esse?”, o quarto e último episódio dessa série sai no perfil do Favela em Pauta, nos agregadores de podcast, na próxima sextas-feira, às 9h. O fechamento será por conta da Negritar Produções, falando sobre a produção cultural em periferias do Norte do país. Esperamos você por lá!

Imagem destacada: arte por Lethicia Amâncio | Texto: Eduarda Nunes | Edição: Renato Silva

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