
Já são mais de 126 mil pessoas infectadas pelo novo coronavirus em mais de 100 nações em cinco continentes desde o surgimento da doença, em dezembro de 2019 na China. Ao menos 4.638 pessoas morreram.
O surto começou na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China, que já chegou a concentrar 99% dos casos. Atualmente os casos no país asiático correspondem a menos de 70% de todos os infectados pelo mundo inteiro. Mas, em março, o número dos novos pacientes começou a cair, e o país, pela primeira vez desde então, deixou de concentrar a maioria dos novos casos que surgem todos os dias.
A chegada da doença ao Brasil, que confirmou 52 casos e investiga centenas de suspeitos, ampliou o compartilhamento de informações — muitas delas falsas — sobre o nível atual da crise e como se proteger da doença. Autoridades falam em “infodemia”, ou seja, uma “epidemia de informações falsas”.
Nós selecionamos 12 questões, que surgem das dúvidas mais comuns entre todas as pessoas, de um compilado produzido pela BBC Brasil.
1. Quais são os sintomas da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus?

A maioria das pessoas que desenvolve sintomas começam a aparentá-los ao redor do quinto dia, segundo os dados disponíveis até agora.
Os principais são: febre, tosse e dificuldade para respirar. Em um número menor de casos há espirro e coriza. Em geral, após uma semana, a doença causa dificuldade para respirar e alguns pacientes necessitam de tratamento hospitalar.
Mas nem sempre todos esses sintomas aparecem.
Pessoas que não desenvolveram sintomas até o dia 12 têm pouca probabilidade de desenvolvê-los, mas ainda podem carregar a infecção
2. Estou com sintomas parecidos. Devo ir ao hospital?
Por enquanto, no Brasil, um caso tem que se encaixar em uma combinação de critérios para ser considerado suspeito. Primeiro, a pessoa precisa ter viajado para alguma área em que o vírus esteja circulando, como a China ou a Itália, ou ter tido contato próximo com alguém que tenha viajado para lá.
Contato próximo significa ter contato direto ou estar a aproximadamente dois metros de um paciente com suspeita de novo coronavírus dentro do mesmo ambiente, por um período prolongado.
Depois, a pessoa que suspeita estar doente precisa ter febre e/ou precisa ter pelo menos um sinal ou sintoma respiratório, como tosse ou dificuldade para respirar.
Caso se encaixe nesses critérios, especialistas e autoridades brasileiros afirmam que essa pessoa deve ir a uma unidade de saúde, preferencialmente procurar um lugar em que seja possível fazer diagnóstico de coronavírus — nesse caso, hospitais, em vez de unidades básicas de saúde.
O Ministério da Saúde informou que estudos apontam que 90% dos casos do novo coronavírus apresentam sintomas leves e podem ser tratados nos postos de saúde ou em casa.
3. Quão letal é o novo coronavírus?

A taxa de letalidade da doença provocada pelo novo coronavírus é estimada em 2,3%. Ou seja, a cada 100 pessoas que contraem o vírus, em média, pouco mais de duas morrem.
É muito quando comparada à taxa de mortalidade da gripe comum, de menos de 0,1%, mas pouco quando comparada a quantos morreram, por exemplo, com a Sars, doença ligada a outro coronavírus que surgiu na China em 2002 e registrou taxa de mortalidade de cerca de 10%.
4. Quantas pessoas sobrevivem ao coronavírus?
No surto atual, com base em dados de 44 mil pacientes infectados pelo novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde informa que:
- 81% desenvolvem sintomas leves;
- 14% desenvolvem sintomas graves;
- 5% ficam em estado crítico;
- não foram registradas mortes de crianças de até 9 anos.
O infectologista Luis Fernando Aranha Camargo, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta, no entanto, que não se sabe ainda a respeito da sobrevida desses pacientes, o que vai acontecer a longo prazo.
Por isso, não é possível ainda fazer afirmações categóricas sobre os pacientes recuperados.
5. O coronavírus tem cura?
Não existe vacina ou tratamento contra o vírus até agora. Quando o ciclo do vírus termina — ou seja, você adquire a doença, mas, depois de um tempo, os sintomas desaparecem completamente — você estaria teoricamente curado. É a chamada cura espontânea.
Mas não se sabe, por exemplo, se nosso corpo adquire imunidade ao vírus após o primeiro contágio. China e Japão relataram casos de pacientes que pareciam ter se curado, mas voltaram a manifestar a doença — não se sabe, porém, se foram infectados uma segunda vez ou apenas tiveram uma recaída da primeira infecção.
6. A transmissão é rápida? Passa pela tosse?
Centenas de novos casos estão sendo registrados todos os dias. No entanto, os analistas acreditam que a real dimensão do surto pode ser 10 vezes maior que os números oficiais indicam.
Estima-se que no surto atual cada pessoa infectada passou a doença para menos de três pessoas, em média.
Em geral, todos os vírus que afetam o trato respiratório são transmitidos pela via aérea ou pelo contato das mãos com a boca ou com os olhos — respirando no mesmo ambiente, tocando algo que uma pessoa infectada tocou, por exemplo.
Até agora, a grande maioria dos casos do novo coronavírus registrados foram transmitidos entre pessoas com contato próximo, como familiares ou amigos e profissionais de saúde.
A definição de contato próximo do Ministério da Saúde brasileiro é “estar a dois metros de um paciente com suspeita de caso por Covid-19, dentro da mesma sala ou área de atendimento (ou aeronaves ou outros meios de transporte), por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual. Ou cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica”.
7. A Organização Mundial da Saúde declarou que o vírus é um pandemia. O que isso significa?
O termo é usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente.
Declarar uma pandemia significa dizer que os esforços para conter a expansão mundial do vírus falharam e que a epidemia está fora de controle.
Uma das pandemias mais graves já enfrentadas ocorreu entre 1918 e 1920. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia da gripe espanhola, mais do que os 17 milhões de vítimas, entre civis e militares, da 1ª Guerra Mundial.
Pandemias são mais prováveis com novos vírus. Como não temos defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas para nos proteger, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.
Na prática, ao afirmar que estamos diante de uma pandemia, a OMS sinaliza que é hora de passar para a fase de mitigação, ou seja, deixar de se concentrar na detecção de novos casos e adotar medidas para tratar os pacientes em estado mais grave e evitar mortes.
8. Tomar chá quente mata o vírus? Evitar boca seca mata o vírus?
Essas dicas vêm sendo compartilhadas nas redes sociais e são falsas, segundo Camargo, infectologista do Einstein. Ele disse que chegou a receber pelo WhatsApp a segunda, que dizia que médicos japoneses tinham recomendado às pessoas que bebessem água porque o vírus iria para o estômago e lá seria destruído pelos ácidos estomacais.
Segundo o Ministério da Saúde, até o momento não há nenhum medicamento, substância, infusão, óleo essencial, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir ou tratar a infecção pelo novo coronavírus. Isso vale para todas as fake news envolvendo chá quente, vitamina C, vitamina D e bebida alcoólica, entre outras.
Camargo ainda acrescenta: a informação mais confiável nesse sentido é aquela publicada em periódicos médicos, que tenha sido comprovada com pesquisa. Sites como o The Lancet e o Journal of the American Medical Association têm reunido boa parte do que tem saído em termos de pesquisas médicas sobre o coronavírus.
9. O que funciona, então, para combater o vírus?
- Lavar as mãos com frequência é básico e é o que vem sendo apontado como mais eficaz;
- Não botar a mão na boca, no nariz ou nos olhos também evita levar o vírus para as mucosas do corpo, por onde ele também entra. Entra também por via aérea, ou seja, alguém tosse, espirra e você respira aquilo;
- É fundamental usar lenço na hora que tossir ou espirrar e jogar aquele papel fora na hora;
- Não há evidências científicas de que as máscaras cirúrgicas sejam eficazes;
- Manter hábitos saudáveis para fortalecer a imunidade. Ou seja, dormir a quantidade de horas certas para a sua idade, alimentar-se bem, manter-se hidratado, fazer exercícios físicos regularmente e tentar reduzir o estresse;
- E, claro, se você tem uma gripe, evite o contato com outras pessoas, mas principalmente com idosos. Isso pode abrir caminho, por exemplo, para uma infecção cruzada de dois vírus da gripe diferentes que, claro, vão sobrecarregar o sistema imunológico da pessoa.
10. Estou grávida, devo me preocupar?
Especialistas e autoridades afirmam não haver motivo para acreditar que mulheres grávidas ou os bebês sejam mais suscetíveis aos efeitos do novo coronavírus do que qualquer outra pessoa.
Também não há qualquer indício de que o vírus possa ser contraído no útero.
11. Por que alguns pacientes ficam de quarentena em casa, e não no hospital?
A quarentena domiciliar está entre as medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para pacientes que estão em bom estado clínico, sem necessidade de internação.
No hospital, aumentam as chances de que mais pessoas entrem em contato com o paciente, podendo propagar doenças entre outras pessoas que estão em situações mais graves e com a imunidade baixa.
Há também o risco de que a pessoa infectada pelo novo coronavírus seja atingida por outras doenças que circulam no hospital.
A quarentena em casa é também uma forma de tentar evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados.
As pessoas em quarentena domiciliar devem ter cuidados redobrados com a higiene, como usar máscara quando tiverem contato direto com outras, lavar as mãos com frequência, usar álcool em gel e não compartilhar objetos de uso pessoal — como talheres, copos e toalhas.
12. Cachorros e gatos podem se infectar e transmitir a doença?
Não há qualquer evidência científica de que cães e gatos possam transmitir o novo coronavírus para humanos ou outros animais, afirmou a secretária de Saúde de Hong Kong, Sophia Chan.
O comunicado ocorreu depois da notícia de que o cachorro de uma pessoa infectada com o vírus foi examinado e recebeu um diagnóstico “positivo”, mas “fraco”.
O cachorro, da raça Lulu da Pomerânia, está em quarentena sob observação e passará por novos exames. O animal não apresentou sintomas.
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