UniFavela enquanto ainda funcionava em cima da laje.
UniFavela enquanto ainda funcionava em cima da laje.

Mais uma prova de que Favela é sinônimo de potência foi a iniciativa dos universitários Laerte Breno, Daniele Figueiredo e Letícia Maia, que em meados de 2018 davam assistência dentro de uma biblioteca, como monitores, a vestibulandos. Dessa iniciativa surgiu a criação do coletivo UniFavela, que leva a missão de fortalecer os estudos de jovens que sonham em ingressar em um curso superior, ressaltando a importância de haver cada vez mais favelados no ambiente acadêmico, mesmo sendo este, um cenário ainda tão distante do morador de favela através da histórica omissão dos governos em relação ao desenvolvimento e aplicação de políticas públicas nestes territórios.

Atualmente funcionando há mais de um ano no Complexo da Maré, o UniFavela já colheu frutos, aprovando todos os dez alunos da primeira turma para universidades públicas do Rio de Janeiro. Mesmo sem apoio financeiro básico, os idealizadores enxergam ainda, a possibilidade de alcançar outras possibilidades e sonham em expandir a atuação do coletivo para além do pré-vestibular,  foi por isso que organizaram uma vaquinha online para a construção da Casa UniFavela.

Através da conquista desse espaço, o coletivo já projeta o impacto que pode causar no território local, já que segundo Laerte Breno, um dos fundadores do coletivo, “muitas pessoas dentro da Maré não conhecem o UniFavela, então a gente quer mediar várias ações”. Ainda de acordo com Laerte, agora é hora de pensar além da turma de pré-vestibular, “queremos fazer projetos dentro do UniFavela, como por exemplo trabalhar com alfabetização para adultos, uma coisa que estamos estudando para o ano que vem”.

O estado ignora e a favela constrói seus próprios dados

Fonte: redesdamare.org.br

Para ilustrar a importância do tema alfabetização para adultos no Complexo da Maré, conferimos dados do Censo Populacional da Maré, um projeto da Redes de Desenvolvimento da Maré, produzido em parceria com o Observatório de Favelas e apoio de 16 associações de moradores. Se as pesquisas e estudos encomendados por entes governamentais contemplam as favelas genericamente, o Censo Populacional da Maré divulgado esse ano apresenta, em produção de excelência técnica, a realidade do conjunto de favelas da Maré, dando conta de que em um universo de 105 mil habitantes acima de 15 anos da Maré, ainda existem 6.302 (6%) que ainda não sabem ler e escrever, o que dá a dimensão do trabalho que o UniFavelas se dispõe a fazer no campo da educação.

Se tratando apenas da questão da alfabetização para jovens e adultos, a Casa UniFavela já terá um enorme trabalho pela frente, uma vez que ao comparar os dados do censo divulgado pela Redes da Maré, com a taxa de analfabetismo de 6%, esse número ainda é bem maior que o levantado pelo IBGE para a região Sudeste do país na PNAD contínua de 2018 , com a taxa de 3,47% de analfabetismo também de pessoas acima de 15 anos.

Portanto, se a educação também é uma questão que move você, essa pode ser uma boa oportunidade para contribuir e aproximar esse coletivo da realização de um desejo compartilhado de influenciar positivamente a vida de tantas pessoas através da educação. Doe para a construção da Casa Unifavela através da vaquinha online e compartilhe para aproximar um pouco mais esse sonho da realidade.

É possível contribuir até o dia 15 de dezembro.

Bastidores do FP

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