A União Coletiva pela Zona Oeste atua nos bairros de Sepetiba, Paciência e Santa Cruz distribuindo cestas básicas

Um grupo formado por 16 coletivos criou a União Coletiva pela Zona Oeste, que atende os bairros de Sepetiba, Paciência e Santa Cruz. Juntos, esses territórios  correspondem a 40% da população da região Metropolitana do Rio de Janeiro. Mais de 2.200 cestas já foram distribuídas desde o início da quarentena, em março, como uma das medidas para frear os impactos causados pela covid-19.

Segundo Day Medeiros, 31, idealizadora da rede, o intuito que motivou a formação da União foi porque, separados, os coletivos muito possivelmente não teriam condições de mobilização suficiente para suprir as demandas. “A gente sabe que esse eixo Santa Cruz, Sepetiba e Paciência é super invisibilizado, e que normalmente as coisas que chegam nas favelas do RJ demoram muito para chegar aqui, quando chegam. Aí eu disse: cara, vamos fazer porque não vai chegar, se não for a gente não vai ser ninguém.”

Os coletivos que compõem a União Coletiva pela Zona Oeste são: As Mariamas, Maria Trindade, Piracema, ONG Criar e Transformar, Cultura Zona Oeste, Espaço Cultural A Era do Rádio,  Projeto Esperança para Uma Criança de Vila Paciência, Plataforma Casa, Centro Cultural Çape- Typa, E.Coletivo, Pepuc de Vila Paciência, Movimento Territórios Diversos, Mulheres de Pedra, Nós e CIjoga, Costurart. 

Até antes da pandemia nenhum deles trabalhava diretamente com assistência social; todos pautavam atividades culturais e de educação nos locais em que atuam. Aproveitaram, no entanto, o cadastro dos participantes, mapearam quem estaria precisando de ajuda e encontraram 3.300 famílias em situação de vulnerabilidade social. 

O principal objetivo da União é acompanhar as famílias que recebem as cestas e fazer reposição. O grupo entende que é necessário dar assistência continuada, garantindo, ao menos, a alimentação das pessoas. De acordo com a Day, 90% dos atendidos são trabalhadores informais, que consequentemente tiveram queda no rendimento dado à pandemia. 

As cestas são distribuídas pelos  integrantes da União e obedece à principal decisão tomada pelo time: não fazer aglomeração. Assim, é distribuído uma senha com horário em algum ponto de encontro ou as cestas são entregues diretamente na casa de quem a solicitou. Day Medeiros aponta que, muitas vezes, as pessoas se esquecem que é importante fazer doações também pensando nos gastos com locomoção e itens de segurança da equipe.

A professora de Artes está atualmente desempregada assim como todos os voluntários da campanha. Não há como contribuir a partir de fundos próprios porque não existe. Ela conta que, apesar da situação dramática e de não saber como fará para pagar as contas no fim do mês, fica ligeiramente feliz por ajudar, mas critica os colegas que dizem compreender sua realidade. “Uma coisa é você trabalhar sendo assalariado e estar com mil coisa na cabeça, outra coisa é você estar com mil coisas na cabeça e não ter dinheiro para pagar a internet do celular.”

A idealizadora da União lamenta, não ter caixa suficiente para junho.  Em abril, a União conseguiu um financiamento pela Benfeitoria, mas o dinheiro que restou não compra 20 cestas e a demanda dos territórios é grande. Um dos principais desafios se dá porque os coletivos não têm regulamentação, dificultando a inscrição em editais filantrópicos. 

Para doar, basta fazer uma doação no site Vaka.me/961641 ou entrar em contato com as páginas no Facebook e Instagram da União.

*Foto destaque de União Coletiva pela Zona Oeste

Bastidores do FP

Receba mensalmente nossos conteúdos e atividades com a comunidade.

You May Also Like

Frase do rapper Djonga reflete no combate à fome nas favelas brasileiras

Entre os becos e vielas do Aglomerado da Serra, mais conhecido como…

12 respostas sobre o coronavírus e como se proteger da doença

Já são mais de 126 mil pessoas infectadas pelo novo coronavirus em…

O coronavírus mata, mas a desigualdade social acelera o óbito

Como bem colocou o repórter Michel Silva, do portal Favela em pauta, as…